Especificidade na Prevenção de Lesões e na Recuperação pós-jogo

Especificidade na Prevenção de Lesões e na Recuperação pós-jogo

O Treino em especificidade é algo considerado por a maioria benéfico, existir uma aproximação ao que se pretende obter em jogo é algo natural, embora as formas de o trabalhar possam divergir, desde o jogo formal, jogos reduzidos, exercícios por setores, por corredores, o trabalho de esquemas táticos. Uns treinadores acreditam mais nuns aspetos do que em outros e tudo é válido claro está, desde que se ganhe, falando do futebol de alto rendimento.
Mas onde fica a especifidade quando falamos do trabalho de prevenção de lesões e da recuperação pós-jogo. É dessa especificidade ou falta dela que vou falar, após ter aplicado um questionário a alguns treinadores sobre estas temáticas.

PREVENÇÃO DE LESÕES NO FUTEBOL
A prevenção de lesões deve ser algo presente em todo o planeamento e operacionalizaçao do mesmo, levando em consideração os tempos de duração e recuperação nos exercícios, as intensidades e os grupos musculares mais solicitados durante os exercícios, sessões de treino, microciclos, nunca devendo descurar a especificidade do atletas, enquanto individuo (Bengtsson et al., 2013; Croisier et al., 2008),
Alguns dos treinadores entrevistados fazem um trabalho preventivo antes de entrar nos exercícios de maior especificidade do treino, mas existe outros que fazem um trabalho de prevenção de lesões mais generalizado antes do treino e posteriormente realizam trabalho fora do campo de forma individualizada de acordo com as necessidades especificas de cada jogador.
Os treinadores que estavam em clubes de 1ª Liga a disputar títulos revelaram a preocupação na prevenção da lesão, associado aos custos para o clube, pois o jogador é um ativo e se tiver parado/lesionado, deixam de ser opções para os seus treinadores, com implicações para o rendimento da equipa e resultados desportivos, ou seja, quanto mais dados para controlar o treino melhor e utilizam todos os recursos ao seu dispor de modo a prevenir lesões, sejam eles específicos ou não.
Sendo que o treino em espeficidade provoca uma enorme adaptabilidade e uma plasticidade muscular própria em cada indivíduo em relação a uma determinada forma de jogar e por vezes as assimetrias que os jogadores têm em termos musculares não devem ser contrariadas, pois são próprias da adaptabilidade e plasticidade muscular inerente à especifidade do jogo. Sendo fundamental olhar para cada caso em particular para se perceber a atuação mais adequada.

RECUPERAÇÃO PÓS-JOGO NO FUTEBOL

Existem vários fatores para uma boa recuperação, sendo que devemos levar em conta a recuperação ativa, pois é algo que o treinador consegue ter controlo, mas deve levar em consideração que a recuperação passiva é fundamental, fatores como a qualidade do sono, uma boa alimentação, o bem estar pessoal e a motivação, são fatores determinantes no desempenho do atleta (Bompa & Buzzichelli, 2015), sabemos que até um resultado positivo no jogo, pode interferir de forma positiva na recuperação pós-jogo (Martins, 2020).
Na recuperação pós-jogo, a generalidade dos treinadores entrevistados costumam realizar uma corrida continua, um exercício técnico (descontextualizado, fut-volei) e no final quem jogou menos tempo ou não jogou faz um jogo reduzido, separando assim quem jogou mais e quem jogou menos (a referência variou entre 45’-60’), principalmente se a recuperação for no dia +1, se por motivos especificos a recuperação for realizada no dia +2, já tentam manter o grupo junto, condicionando como no exemplo anterior alguns exercícios para jogadores que jogaram mais tempo ou que ainda tenham elevados niveis de fadiga.
A maioria dos treinadores referiu que recorrem a jogos reduzidos como forma de trabalho de recuperação ativa, onde através de períodos de curta duração e alta intensidade, intercalados com períodos de recuperação longos, garantem um processo de recuperação ativo e acelerado (Maciel, 2020).
Podemos afirmar que os JR são uma forma de recuperar ativamente, muito positiva, mas que os treinadores devem gerir bem a sua utilização, repetição, períodos de exercício e de pausa, pois se não forem bem geridos em vez de recuperar podem prejudicar e potenciar questões relacionadas com o sub-rendimento ou o overtraining (Malone, Keane, Owen, Coratella, Young, & Collins, 2021).
Uma boa forma de recuperar é relacionando-a com a forma como se jogou, encontrando formas de contrabalançar, ou seja, no jogo efetuou-se deslocamentos muito longos, quando recuperamos utilizarmos espaços curtos, com trações curtas e vice-versa, sempre com periodos de exercício curtos e períodos de recuperação longos, ajustados ao contexto que se tem à frente.
Finalizando em concordância com McCall et. all (2020) que nos diz que os treinadores para além das propostas relativas a metodologias fortemente presentes na literatura, utilizam no seu trabalho diáro um misto de experiências e crenças pessoais.

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